Entrevista com Rodrigo Terra

Ilustrador e autor de quadrinhos

"Todo mundo desenha quando é criança, mas depois para. Os desenhistas continuam."
(Rodrigo Terra)

Desde quando você desenha?
Eu desenho desde criança. Minha mãe sempre diz que quando ela queria que eu parasse quieto, me dava um caderno e pronto. Eu ficava um tempo lá sossegado. E tenho estes cadernos até hoje! 

Nossa! Você guardou tudo? Quantos são?
Muitos. Tenho muitos cadernos em São Paulo e em Camanducaia, mais de vinte. Guardo todos e, às vezes, paro para olhá-los. Mas desenho sempre que tenho algum papel e caneta na mão. Esses papéis soltos só guardo quando gosto muito do desenho. A maioria acabo jogando fora... ou não teria mais lugar em casa.

É verdade que você anda sempre com um caderninho e desenha o tempo todo?
É verdade. Estou sempre rabiscando um caderninho. Acho bom para não deixar as ideias escaparem.

Você costuma dizer que todo mundo sabe desenhar, não é?
Sim. Todo mundo desenha quando é criança, mas depois para. Os desenhistas continuam. Com o tempo de prática cada um vai descobrir o seu estilo. É como um músculo que vai se desenvolvendo. Acho que não existe desenho feio. É uma forma de expressão, é como falar. E cada um fala do seu jeito.

O que você desenhava, quando era criança?
Ah, eu desenhava desde a minha família e amigos até os personagens da Escolinha do Professor Raimundo, por exemplo. Minha geração via muita tevê, daí tudo isso virava ilustração.

Então você gostava de desenhar gente.
É verdade. E gosto até hoje. Na escola eu fazia os colegas, os professores... Eu inventava meus personagens, como o Johnny Goiabada, de uma história em quadrinhos que fazia com uns 13 anos. Mais tarde, teve o fanzine Jecatotal, com uma turma de amigos.

O que você gostava de ler?
Na infância lia muitos livros infantis (Alice, Sítio do Pica-pau Amarelo etc) e os quadrinhos da Turma da Mônica e Disney, que tinha aos montes no sítio dos meus primos em Camanducaia.

E quando você decidiu que esta seria sua profissão?
Quando eu tinha uns 12, 13 anos. Eu sou de Camanducaia, uma cidade pequena de Minas Gerais. Eu juntava um dinheirinho e ia pra Bragança (Bragança Paulista) comprar CDs e revistas. Lá, numa prateleira de revistas antigas numa loja de R$1,99, vi umas revistas diferentes das que eu sempre lia, feitas pelo Angeli, Laerte... e fiquei impressionado. Foi uma revolução pra mim. Percebi que existiam novas formas de se expressar com o desenho. Achei incrível que algumas pessoas ganhavam a vida produzindo aquilo e pensei: “É isso que eu quero fazer da minha vida.”

Que faculdade você escolheu?
Quando fui prestar vestibular, li algumas entrevistas de ilustradores e quadrinistas. A maioria dizia que o que pagava as suas contas era publicidade, que era difícil ganhar a vida com quadrinhos. Daí escolhi Publicidade e Propaganda.

E conseguiu trabalho?
Sim. Fiz estágio na Revista da MTV, trabalhando na arte, e foi muito bom porque eu gostava (e ainda gosto) muito de música. Até tive banda quando era adolescente. Mas sempre toquei mal. Rsrs.
Depois fui assistente de outros artistas, como o Elifas Andreato, trabalhei na revista Almanaque Brasil, em outras revistas e estúdios.  Já fiz cartazes de cinema, logotipos, desenhos de livro infantil. O bom de trabalhar com design e ilustração é que dá para fazer muitas coisas diferentes e sempre aprender novidades.

E os quadrinhos?
Mesmo trabalhando em diversos lugares, nunca deixei de fazer histórias em quadrinhos e publicar na internet e em zines (ou “fanzines”). A internet permite que você mostre seu trabalho, você desenha e na hora já publica para as pessoas verem. Mas também gosto de vê-los impressos.

Explique pra gente o que são “zines”, por favor.
São publicações que você mesmo faz e vende, sem editoras. São chamadas de publicações independentes e existem feiras só delas. Em 2014, a convite de uma amiga, eu participei da minha primeira feira assim, a Feira Plana, com meu zine “Tempos Modernos”.

Qual é seu trabalho hoje?
Meu cargo tem um nome um pouco pomposo: estrategista visual. Mas, basicamente, faço a parte visual das campanhas de uma agência focada em impacto social, chamada Purpose. Faço ilustrações, animações e vídeos para redes sociais, impressos e TV.

Você continua estudando desenho?
Sim. Estou terminando um curso de animação (desenhos e figuras que se movimentam). É uma pós-graduação, na verdade. E estou desenvolvendo um curta-metragem como trabalho de conclusão do curso.

Que livro infantil você ilustrou?
Em 2015 ilustrei o livro infantil “2 Gatos”, da Editora Papagaio, escrito pela Evelyn aqui do Divertudo. E já fizemos, juntos, oficinas de quadrinhos em escolas. Ela falando do texto e eu, do desenho. Eu adorei esse contato com as crianças. Foi muito legal.

Maio de 2020



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