Entrevista com Janaína Tokitaka

Autora infantil e ilustradora

"Minha casa é muito colorida e vive com manchas de tinta."
(Janaína Tokitaka)

Como você teve a ideia de escrever o livro "Fala Baixinho"?
"Fala baixinho" surgiu a partir da minha experiência de vida como mulher e trabalhadora na área de criação. Participo de salas de roteiro onde, muitas vezes, sou a única mulher, em meio a um grupo de homens que falam alto, com muitas certezas e o tempo todo. É difícil se impor e às vezes a delicadeza e a sutileza não são valorizadas. 

Isso também acontece na escola, não é?
Sim. Quando eu era criança, já sentia algo parecido. Os alunos que falavam mais alto ou de maneira mais extrovertida e frequente acabavam se destacando mais e recebendo mais elogios. Eu sempre fui "para dentro", apesar de ter um lado que gosta de gente e ser bem opinativa, então muitas vezes a cobrança por participar mais me parecia injusta - eu estava envolvida com a disciplina e prestando atenção, mas do meu jeito. Esse é um livro para quem se identifica com esse tipo de situação.

Você concorda com a frase: “Quem grita perde a razão.”?
Acho que às vezes gritar faz bem, não quero vilanizar a raiva ou a vontade de extravasar. Mas acho que não dá pra passar a vida gritando - outras formas de expressão têm seu lugar. O sussurro, o silêncio...

E o livro "Pode Pegar!"? Fala do quê?
"Pode Pegar!" fala sobre generosidade, liberdade e a necessidade de imaginar um mundo mais lúdico e com menos amarras. 

Você acha que as crianças podem ensinar coisas para os adultos?
Claro que sim. Elas percebem o mundo de uma maneira muito singular e isso é ótimo e empolgante!

Você desenha e escreve, não é mesmo? Conte um pouquinho da sua carreira.
Sempre me senti à vontade criando para mídias que juntam essas duas formas de se comunicar. Por isso, faço principalmente livros infantis e trabalho como roteirista. Escrevo, por exemplo, as animações "Oswaldo" e "Clube da Anittinha".

Qual foi seu primeiro livro?
Como autora e ilustradora, o “Tem um Monstro no meu Jardim”

O que veio primeiro na sua vida? O desenho ou a escrita?
Como a maioria das crianças, o desenho! Por isso defendo a importância da ilustração para crianças. Estamos nos comunicando pela "primeira língua" delas e formando uma espécie de vocabulário visual. 

Que livro marcou a sua infância?
Acho que um dos meus preferidos é o "Jardim Secreto", mas gostava muito de todos os de contos de fada. 

Quais eram suas brincadeiras favoritas?
Desenhar, esconde-esconde e faz de conta.

Qual é seu pintor preferido? Ou pintora?
Acho que Rembrandt, mas essa pergunta é muito difícil.

E escritor (escritora)?
Guimarães Rosa, com certeza. 

Como é sua casa? Cheia de quadros seus nas paredes? Ela é muito colorida?
Sim! Cheia de quadros, muitos deles feitos por mim e pela minha filha de três anos, a Rosa. Minha casa é muito colorida e vive com manchas de tinta. 

O que você gosta de fazer, quando não está pintando nem escrevendo?
Gosto de ver filmes, cozinhar, cuidar do jardim e ouvir música. 

Você está criando bastante durante a quarentena?
Como estou com uma filha pequena em casa, estou criando de maneira mais focada no tempo possível, mas não estou me cobrando demais. Sei que tudo isso vai virar matéria para criação no futuro, então estou tentando ser responsável e cumprir meus prazos, sim, mas também estou me permitindo passar mais tempo com a Rosa, não sofrer se algo não sai da maneira como planejei e assim vai. Temos que ter paciência, com nós mesmos e com os outros.

Maio de 2020



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