SOBRESSALTOS
Evelyn Heine
Eram duas pulgas muito amigas. Amigas mesmo, daquelas pra todas as horas. Elas se conheceram num tapete surrado, de uma casa lá no fim do mundo, bem longe.
Mas, mesmo sendo bem longe, um dia apareceu uma dedetizadora e chhhh..., espalhou fumaça de veneno pra todo lado.
As pulgas, que não eram bobas nem nada, saíram pulando feito pipoca mais que depressa para o meio da rua. Antes, é claro, prenderam a respiração.
Com muito custo elas conseguiram se salvar, mas, dali pra frente, estavam sem teto. Melhor dizendo, sem tapete. Despejadas assim sem dó nem piedade.
Ainda bem que nessa vida tudo se ajeita, até as pulgas. Vinha passando ali na rua um cachorro desabitado, bem simpático. Tinha cara de boa gente e era enorme de grande, um fila brasileira.
– Oba! Casa e comida, tudo junto! Vamos lá – falou animada uma delas.
– Eu, hein? Nesse gigante aí? Nem morta. – respondeu a outra que tinha medo de altura.
– Anda logo... deixa de besteira, menina! Numa hora dessas a gente tem que perder qualquer medo! – E foi logo pulando no tal do cachorrão, pra ver se encorajava a amiga.
Mas que nada. A outra ensaiou, ensaiou, e não teve coragem. Ficou para trás, sozinha na rua com seu medo de altura.
Coisa chata! Uma amizade de tanto tempo e, de repente, cada uma pra um lado.
Daí, vinha passando um bassê, aquele cachorro que tem apelido de "salsicha" porque é comprido e baixinho. Quase encosta a barriga no chão de tão nanico.
– Taí minha casa térrea! – pensou a pulguinha  medrosa, se ajeitando pra saltar.
Caso resolvido.
O tempo foi passando. As duas amigas sentiam muita saudade uma da outra. Não podiam escrever porque não sabiam endereço. Aliás, também não sabiam escrever.
Até que um dia o bassê e o fila brasileira foram passear na mesma pracinha. Imagine a alegria...
– Minha amigona! Que saudade!
– Puxa! Nem acredito! – gritou toda eufórica a pulguinha do bassê.
Na mesma hora saltou de mala e tudo pro fila, aquele baita cachorrão.
– Ué... – estranhou a outra – ... mas você não tinha um medo danado de altura?
– Tinha! Acontece que esse bassê aí mora num apartamento no vigéssimo quinto andar.

FIM.

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