ENTREVISTA

 
 
"A intenção era a de apresentar dentro de uma história as 'escadinhas' feitas com palavras..."
(Aldo Pereira)
Aldo Pereira

 
Várias escolas de São Paulo já estão adotando Cris, a Carpa Dourada para trabalhos em sala de aula. O livro foi criado para isto?
Leia comentário da Evelyn!
Sim e não. A intenção era a de apresentar dentro de uma história as "escadinhas" feitas com palavras que, com alteração de uma única letra, viram outras palavras. É um tipo de atividade consolidadora de alfabetização e ortografia, exercício, sim, mas que também diverte as crianças. (Atualmente produzo material didático para professores e alunos do Ensino Fundamental, em colaboração com minha mulher, a pedagoga Virgínia Balau.).
A Virgínia achou que, em vez de mero "cavalo" de uma atividade escolar, a história acabou saindo com valor próprio de leitura. Admito que minha mulher é paga para falar bem de mim, mas o fato é que, nesse caso, a Editora Brinque-Book concordou com ela e resolveu editar o livro.

 
Cris é apenas para divertir ou você passa na história algum tipo de mensagem para as crianças?
A história pode ser lida em muitos planos diferentes, desde daquele de uma distração descomprometida, até o de uma questão que tem interessado as mentes mais privilegiadas: o de nossa identidade. Cris, a Carpa Dourada é uma fábula que comenta a insatisfação e as dúvidas que, de vez em quando, passam por nossa cabeça.
Quem sou eu? Não estarei enganado(a)? Não serei de fato um tipo de pessoa diferente daquela que aparento ser, para os outros e até para mim? E se houver engano, como desfazê-lo? Posso mudar de vida, ajustá-la àquilo que de fato sou? Estamos falando aí não apenas de reflexão sobre a identidade, tema de cognição, mas também no tema ético da responsabilidade nas decisões de mudança em nossas vidas.

 
Você acha que as crianças têm maturidade para refletir sobre temas dessa natureza?
No plano racional e consciente, muito pouco. No plano intuitivo, não sabemos. A criança tem recursos de aprendizagem que mal começamos a investigar. Por exemplo, todo pesquisador se maravilha com a rapidez e eficiência com que, no mero convívio com adultos, a criança aprende sua língua, por mais complicada que seja.
Quanto às implicações filosóficas do livro, claro que nenhuma das questões referidas na resposta anterior aparece assim no texto de Cris. Mas, no fundo, formam a base da história. Pode ser que seus leitores (na faixa dos 8 a 10 anos) não percebam conscientemente, no momento, o significado ulterior desta fábula moderna. Mas estou certo de que, como em outras fábulas, eles e elas reterão a mensagem, sim.
E de que, ainda que modesto pontinho de luz, essa mensagem estará presente na constelação de idéias de sua filosofia de vida.

 

Outubro de 2000


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